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Foto do escritorVera Lúcia Belisário Baroni

Os dilemas da liberdade de escolha: uma análise psicanalítica da dependência tecnológica na Juventud



A crescente dependência dos dispositivos eletrônicos
Os dilemas da liberdade de escolha

"Os adolescentes precisam de liberdade para escolher, mas não tanta liberdade que no final das contas não saibam escolher." (Erik Erikson)


Em um cenário em que a liberdade de escolha é essencial para o amadurecimento, emerge uma preocupante questão: até que ponto essa liberdade pode conduzir à dependência? No universo contemporâneo, a discussão sobre a crescente dependência em relação a dispositivos eletrônicos - como smartphones e computadores - assume contornos psicológicos profundos, que a psicanálise pode contribuir para desvelar.


No presente, a conversa transcende gerações e alcança novos patamares, e um olhar direcionado para a juventude revela uma inquietação alarmante. De acordo com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), um estudo de 2018 apontava que cerca de 89% dos jovens entre 9 e 17 anos - somando um impressionante contingente de 24,3 milhões - já eram usuários de internet. Essa estatística, bastante significativa à época, ganha um matiz mais profundo à luz da pandemia de 2020, que muito provavelmente elevou exponencialmente esses números.


As pesquisas contemporâneas ecoam o alerta: o mergulho excessivo nas telas digitais molda o cérebro jovem de maneira drástica, disparando uma série de efeitos colaterais indesejados. A dificuldade de concentração nas atividades do dia a dia emerge como um sintoma evidente, enquanto a interação social – indispensável para o equilíbrio emocional e psíquico do ser humano – perde a atratividade diante das facilidades do mundo virtual. Nesse mergulho no universo virtual, as indispensáveis e salutares horas de sono são substituídas pela vigília diante das telas e a procrastinação das atividades exigidas no mundo real cresce na mesma proporção, enquanto um conjunto de outros transtornos se sucedem: do déficit de atenção à hiperatividade, da irritabilidade à ansiedade e à depressão.


O chamado de alerta é claro e ressonante: pais e educadores devem sintonizar-se com os matizes sutis da dependência tecnológica nos jovens e, quando necessário, procurar a orientação de profissionais qualificados. Aqui, a psicanálise oferece sua lente intrincada, revelando as complexidades dos conflitos inconscientes que forjam os alicerces dessa dependência moderna.


Num mergulho psicológico profundo, a psicanálise vasculha os recessos da psique jovem, expondo as raízes entrelaçadas do relacionamento com a tecnologia. Sob essa perspectiva, cada clique é uma manifestação, consciente ou não, de necessidades profundas e anseios inexpressos. Como arqueólogos da mente – segundo a metáfora criada por Freud – os psicanalistas “escavam camada após camada” do inconsciente para revelar memórias, sentimentos e motivações reprimidas, em busca das origens sutis da dependência.


Assim, à medida que a juventude se aprofunda cada vez mais no espaço virtual, a psicanálise emerge como uma bússola oportuna. Ela desafia os paradigmas contemporâneos e nos leva a mergulhar nas águas profundas da psique, onde os dilemas da liberdade de escolha se encontram e onde as raízes da dependência tecnológica podem ser desentrelaçadas, permitindo um renascimento da liberdade autêntica.

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