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Foto do escritorVera Lúcia Belisário Baroni

Conflitos em Grupos de Trabalho: Uma Análise Psicanalítica

Publicado em: https://www.band.uol.com.br/band-multi/colunistas/os-nos-da-mente/conflitos-em-grupos-de-trabalho-uma-analise-psicanalitica-16635555


Grupos de trabalho abrigam pessoas com diferentes personalidades, motivações e interesses, o que pode gerar muitos conflitos no grupo.
Conflitos em grupos de trabalho

“Existem naturezas problemáticas que nunca estão à altura das situações em que se encontram e que nenhuma situação satisfaz. Disso nasce o enorme conflito que consome a vida sem prazer.” (Johann Goethe)


Ao pensarmos num ambiente corporativo, imaginamos indivíduos que se reúnem sinergicamente para alcançar objetivos comuns, porém esses mesmos indivíduos possuem diferentes personalidades, diferentes motivações e diferentes interesses pessoais. Por essa razão, é natural que surjam conflitos e tensões nesse ambiente. Entretanto, quando esses conflitos se intensificam e envolvem comportamentos destrutivos como mentiras, fofocas, intrigas e assassinato de reputações, estamos diante de um cenário com potencial para causar muitos danos não apenas aos interesses corporativos, mas, também, aos interesses dos próprios indivíduos.


Compreender as raízes desses comportamentos e saber como intervir para minimizar os danos e garantir que os objetivos corporativos sejam atingidos é o grande desafio das lideranças e a psicanálise é uma das áreas do conhecimento humano que pode ajudar nessa tarefa, desvendando as dinâmicas subjacentes a esses comportamentos destrutivos.


“As emoções não expressas nunca morrem. Elas são enterradas vivas e saem de piores formas mais tarde.” (Sigmund Freud)


Segundo Freud, a mente humana é movida por forças inconscientes, impulsos e emoções reprimidas. Quando essas energias psíquicas não encontram uma saída adequada, elas podem se manifestar de maneiras disfuncionais. No contexto dos grupos de trabalho, mentiras, fofocas, intrigas e assassinato de reputações podem ser vistos como mecanismos de defesa utilizados pelos indivíduos, para lidar com suas ansiedades e conflitos internos.


Quando membros de um grupo de trabalho começam a mentir ou a enganar outros, eles podem estar agindo motivados por uma tentativa de mascarar fraquezas pessoais ou erros profissionais. Os indivíduos podem recorrer à mentira para encobrir seus erros ou para alcançar vantagens pessoais. Porém, essa estratégia apenas perpetua o conflito, pois uma vez que a verdade apareça, causará danos ainda maiores à confiança no grupo.


A fofoca é outro comportamento disfuncional, que pode emergir por várias razões. A psicanálise sugere que entre as motivações internas que levam alguns indivíduos a essa prática, pode estar um mecanismo de defesa que permite que o indivíduo desvie a atenção dos seus próprios problemas e preocupações, deslocando o foco para a vida alheia. A fofoca também pode ser uma forma indireta do indivíduo expressar desejos reprimidos, raiva ou inveja, mascarando-os como preocupações ou comentários sobre a vida alheia. O fato é que a fofoca cria um ambiente tóxico de desconfiança e hostilidade, minando os relacionamentos dentro do grupo.


As intrigas representam uma manifestação da competição interna entre os membros do grupo. Quando os objetivos individuais entram em conflito com os objetivos do grupo, as intrigas podem surgir como uma tentativa de sabotar os colegas e obter uma vantagem pessoal. Isso cria um ambiente de rivalidade e desconfiança, prejudicando a colaboração e a realização dos objetivos corporativos.


O assassinato de reputações é uma forma mais agressiva de lidar com os conflitos internos. Aqueles que se envolvem nesse comportamento muitas vezes projetam suas próprias inseguranças e fracassos em outros membros do grupo, prejudicando sua imagem e credibilidade. Essa estratégia visa enfraquecer os oponentes e aumentar o próprio status, mas, em última análise, mina a coesão do grupo.


Em uma perspectiva psicanalítica, a resolução desses conflitos em grupos de trabalho envolve a conscientização e a expressão adequada das emoções reprimidas. Os membros do grupo precisam desenvolver a capacidade de se comunicar de forma aberta e honesta, reconhecendo suas próprias fraquezas e inseguranças. Além disso, a liderança desempenha um papel fundamental na criação de um ambiente que promova a confiança, a empatia e o respeito mútuo.


Em resumo, os conflitos em grupos de trabalho que envolvem mentiras, fofocas, intrigas e assassinato de reputações são fenômenos complexos que podem ser compreendidos a partir de uma perspectiva psicanalítica. Ao reconhecer e abordar as dinâmicas psicológicas subjacentes, os grupos podem trabalhar para superar esses comportamentos destrutivos e criar um ambiente mais saudável e produtivo.

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