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Foto do escritorVera Lúcia Belisário Baroni

A Ferida da Injustiça

Atualizado: 30 de jul.


Como identificar a ferida da injustiça
A Ferida da Injustiça

A última ferida, da série que venho apresentando sobre as feridas emocionais da infância, é a ferida da injustiça. Essa ferida é despertada entre os 4 e os 6 anos, aproximadamente, no período do desenvolvimento da individualidade da criança. Esse é o momento em que ela se torna consciente de sua individualidade e particularidades.


A ferida da injustiça se origina quando a criança sente frieza e autoritarismo por parte dos seus cuidadores. Sua reação, diante do que interpreta como distanciamento emocional e cobranças excessivas, é sentir-se injustiçada. Assim, ela se isola dos sentimentos, buscando se poupar do sofrimento.


Ao buscar negar seus sentimentos para se proteger, a máscara que a criança desenvolve é a máscara da rigidez. Porém, o fato de uma pessoa negar o que sente não significa que não sinta nada. Pelo contrário, indivíduos rígidos são muito sensíveis, mas desenvolvem a capacidade de não reconhecer essa sensibilidade e de não mostrá-la aos outros. Eles se iludem, julgando que nada os afeta. Eis por que parecem frios e insensíveis.


Algumas das características do rígido, na vida adulta, são: perfeccionismo; isola-se do sentimento; eficaz para ser perfeito; ativo, dinâmico; justifica-se o tempo todo; dificuldade de pedir ajuda; tom de voz seco e severo; não admite ter problemas; duvida de suas escolhas; compara-se com o melhor e o pior; dificuldade de receber; dificuldade de ter prazer sem se sentir culpado; não respeita seus limites; exige muito de si; controla-se; aprecia a ordem; raramente adoece; irascível, aparentemente frio, reluta em demonstrar afeto.


A cura dessa ferida, assim como das outras, começa com o autoconhecimento e a conscientização de sua existência. Olhar com amorosidade para si mesmo, aceitando e compreendendo que a máscara de rigidez criada pelo seu ego foi uma estratégia de autoproteção, que o ajudou a enfrentar e sobreviver à dor da injustiça, sentida quando ainda era uma criança. Porém, na vida adulta, ela mais atrapalha do que ajuda e, portanto, é hora de aposentar essa máscara.


Entretanto, é preciso estar consciente de que despir-se dessa máscara pode ser muito difícil, pois seu ego (que a criou) irá relutar em deixar de usá-la, fazendo tudo que puder para sabotar seus esforços nesse sentido. É por essa razão, também, que sozinho e sem ajuda terapêutica adequada, essa pode ser uma jornada muito longa e difícil de ser concluída.



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